África não pode parar, nem se curvar ante os enormes desafios actuais e vindouros. Os desafios de curto, médio e longo prazos levam-na a grandes reflexões, mesmo progressistas, daquilo que somos e queremos ser, presente e futuramente, sem pormos de lado questões do passado que ainda nos corroem sob pena de perdermos a nossa base fundacional.
Paulo de Jesus*
As novas gerações de líderes, prezada e odiada, muitos umbilicalmente ligados à velha e audaz guarda política da corrente dos pais do pan-africanismo, infelizmente traídos na sua matriz ideológica, pouco fizeram para reverter os tristes cenários por que África carrega, marcado por uma galopante corrupção, assimetrias e extrema pobreza, resultantes do colapso de modelos económicos inspirados do Ocidente.
Hoje, além da reestruturação dos seus sistemas económicos, os modelos democráticos africanos, assentes na ausência de uma cultura democrática, voláteis aos interesses instalados, em detrimento de uma maioria populacional paupérrima, que ainda enfrenta epidemias, o analfabetismo e a desertificação, têm de ser reinventados.
Contudo, sem depreciação da crueldade com que a maioria dos africanos ainda vive, é precisamente do futuro e das oportunidades que dela advirão que mais importam - ocasiões fora dos marcos da indústria extrativa tradicional, designadamente nos sectores tecnológicos, inovação e educação, nos da produção industrial, que cresce além da média mundial, podendo até 2025 criar milhões de empregos, assim como nos da engenharia e construção, energias renováveis e agricultura e agro-indústria. Seguremo-nos então no lado bom e optimista dessa África!!!
* Paulo de Jesus, advogado, jornalista, agente de futebol registado na FIFA e consultor em negócios internacionais ligados à África. É doutorando em Administração Pública e tem um mestrado em Gestão de Políticas Públicas; licenciado em Direito e em Ciências Políticas/Relações Internacionais. Entre outras especializações, é ainda pós-graduado em Contratação Pública e em Direito Desportivo.
