O Primeiro-ministro do Mali, Choguel Kokalla Maiga, recusou que o seu país tenha forçado a remoção dos soldados franceses.
Política e Sociedade Março 17, 2023
Num tom descrito como “diplomático”, evitando gabar-se e confirmar o rompimento histórico com Paris, o Primeiro-ministro do Mali, Choguel Kokalla Maiga, recusou que o seu país tenha forçado a remoção dos soldados franceses, encerrando uma operação militar de nove anos para combater grupos armados, substituindo-os pelos russos da Wagner.
Em entrevista ao Al Jazeera, Choguel Kokalla Maiga rejeitou ainda que o Mali tenha abandonado os acordos de cooperação militar com a França, adiantando: “Não abandonamos a cooperação com a França. Digamos que a França ou os líderes da França são os que quiseram impor ao nosso país o que deve ser feito, o que devemos pensar e o que dizer. Mas nós dissemos a eles que esta era e esta época já se foi há muito tempo. Nós escolhemos e as pessoas escolhem”. “Foi a escolha de nossos amigos franceses, porque agora existe um governo que eles não gostam depois que um novo Presidente e Primeiro-ministro foram nomeados. Eles decidiram ir embora e nós dissemos: 'A escolha é sua'. Eram eles que queriam ir embora e achavam que iríamos implorar para que ficassem”, exclamou.
Quanto a alegada acusação das autoridades francesas de incitar e questionar o papel francês em África, o governante maliano é claro: “Na verdade, pretendemos conseguir resolver os nossos problemas, não temos nenhum problema com o povo francês. Na França, depois dos argelinos, os malianos ocupam o segundo lugar em importância, e as autoridades francesas devem examinar esse assunto. A maioria dos malianos percebe que existe uma parceria, e as pessoas de outros países também devem investigar o que fizemos. Se isso não é uma fonte de inspiração, isso é com eles”.
Relativamente às relações com as nações africanas, especialmente após a recente cúpula da União Africana manter pendente a adesão do Mali, Kokalla Maiga diz que “muitos líderes africanos entendem bem a posição de Mali”. “Estamos a caminhar para o que o povo deseja, que é combater o terrorismo e alcançar segurança e estabilidade e manter o sistema constitucional. Tudo isso está acontecendo por pressão das organizações. Ainda antes da cimeira houve uma visita de responsáveis, e depois de acompanharmos o que ouvimos deles transmitindo aos dirigentes africanos a situação no terreno, creio que existe uma aproximação de pontos de vista”, afirmou.
Sobre as expectativas em relação aos países africanos diante da situação económica e de segurança pela qual passa o Mali, Kokalla Maiga confia existir no Mali e nos países vizinhos “outra proximidade, por sermos o mesmo país, a mesma organização e os mesmos desafios”. “Dois ou três anos atrás, a situação era muito pior e havia muitos confrontos. Mas agora nosso exército tomou as coisas nas suas próprias mãos”, adiantou. “(…) Agora temos um novo Presidente do país que tem uma visão clara, e a primeira e principal prioridade é alcançar a segurança – depois a segurança alimentar e a prestação de serviços de saúde, depois a transição para organizações constitucionais e não o contrário”, avançou.
Para o Primeiro-ministro do Mali, “fizemos muitas reformas. Realizamos eleições há mais de 30 anos, mas não chegamos a um resultado. Temos países na Ásia como o Afeganistão, que durou 20 anos com forças estrangeiras e depois se retiraram. É por isso que se deve deixar que o povo resolva os seus problemas sozinho”.
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